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quinta-feira, outubro 12, 2006

Thirteen Days


Revi ontem, talvez pela milionésima vez, o filme 13 Dias, que relata de modo quase perfeito a crise dos mísseis soviéticos em Cuba e o crescendo de acontecimentos que conduziram ao bloqueio naval daquela ilha pelos Estados Unidos da América. Realizado por Roger Donaldson e com brilhantes interpretações de Bruce Greenwood, Steven Culp e Kevin Costner, trata-se de um impressionante thriller de política e diplomacia, cujo tom dramático é largamente superado pelo estilo documental que nos agarra desde o primeiro frame do filme. É que toda a história é verídica e os acontecimentos narrados pelo filme são essenciais para compreender a leviandade com que uma guerra nuclear podia e ainda pode ser despoletada. Por seu turno, os actos reflectidos (mas para muitos adjectivados como "cobardes") de JFK no sentido de evitar a Terceira Guerra Mundial e o holocausto nuclear mais do que previsível em tempos de Guerra Fria, contrastam com os lobbies militares instalados nos dois lados do conflito, fazendo antever a tensão que, segundo muitos, culminou no assassinato do Presidente por ordem das mais altas patentes do exército americano.
O estilo descritivo e a acuidade narrativa de 13 Dias foram tão louvados que o filme, potencial grande candidato aos óscares em 2000, foi posto de parte pela Academia sob o pretexto de se integrar melhor na categoria de documentário... Apesar de não ser consensual aos olhos da crítica, na minha opinião cada minuto das quase 2h30 de filme é tão valioso e cativante hoje como em 2000, no ano da sua estreia. É que se trata, de facto, de bom cinema, mostrando-nos de modo conciso o precário equilíbrio da geo-estratégia e política globais, num Mundo muitas vezes demasiado bem armado para não estar em guerra, nem que seja perante a opinião pública.
Definitivamente, um filme a ver.