Conduzo. De regresso a casa... Os semáforos e radares pautam-me o retorno. O trânsito sonolento é uma vagarosa recordação de como também não me fora fácil chegar ao meu destino de manhã. Por entre os túneis de Entrecampos, desperta-me um rugido, imagem que desde sempre (mesmo quando esta cidade não era minha) me fascinou; Poucas coisas nos lembram que o Mundo não pára como a visão tardia de um avião a fazer-se à pista do aeroporto de Lisboa, rasando os jardins do Campo Grande. Sim, é quase meia-noite, mas enquanto eu regresso a casa outros chegam ou preparam-se freneticamente para partir. O relógio não abranda... Mas nas próximas horas, assim que desligar o motor do carro, o tempo vai parar para mim. Pelo menos, até amanhã de manhã.