Syriana
Finalmente vi "Syriana", filme que há muito tempo estava na minha lista de pendentes cinéfilos. Syriana surpreendeu-me não só pela qualidade da realização de Stephen Gahan (conhecido pelo seu trabalho em Traffic, juntamente com Steven Soderbergh), mas também pelo desempenho de um elenco de actores de luxo, que conta com performances impressionantes de George Clooney, Matt Damon e Geoffrey Wright, para além do excelente trabalho de Alexander Siddig. Não obstante, durante todo o filme o argumento pareceu-me enrolado, confuso, difícil de seguir, sem no entanto lhe retirar a genialidade com que tece duras críticas à urdidura da economica e da política petroliferas.
Contudo, a surpresa de Syriana vem no fim, quando nos apercebemos que a maioria das cenas, aparentemente sem valor, desempenham um papel crucial no modo de contar a história e de brilhantemente criticar a dependência humana do petróleo. De facto, sem tomar lados ou sem arriscar gritantes juízos de valor, Syriana mostra-nos como o Ocidente só tem a ganhar com a intranquilidade social do Médio Oriente, lucrando à custa de jazigos de petróleo inexplorados por países sem os meios para o fazer. O cerne do filme, o ouro negro que justifica as piores e mais sujas manobras do xadrez político global, é, portanto, a personagem principal, recurso raro e em vias de extinção, cujo valor exponencial é o resultado da recusa ocidental em mostrar ao público as alternativas que já existem.
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Depois de ver Syriana e de reconhecer o mérito da preocupante mensagem que pretende fazer passar, justifica-se ler o inquietante e polémico livro de Richard Heinberg. "The Party's Over - Oil, War and the Fate of Industrial Societies" mostra quão dramaticamente o destino da Humanidade depende do petróleo e como essa mesma dependência levará à paralisação do Mundo como o conhecemos. Quando, pouco depois de 2050, as reservas mundiais de petróleo entrarem em declínio, será inevitável o crash da economia global, impotente para resolver a crise energética em que culposamente se mergulhou e que levará, por exemplo, à paragem quase total da aviação comercial. Vale a pena ler, para nos preocuparmos depois... E muito.
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